terça-feira, 3 de março de 2015

Por que Jair Bolsonaro quer presidir a CDHM?


É difícil entender o por quê da obsessão, de deputados totalmente avessos ao tema dos Direitos Humanos,para presidirem a Comissão de Direito Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. O raciocínio que nos leva a tal pergunta é simples: você como dono de uma padaria contrataria um jornalista para fazer a massa dos pães? Claro que não, ele iria errar nas medidas, colocaria farinha para mais, fermento para menos e não chegaria a ao resultado desejado. A pessoa certa seria alguém especializado o que o mercado privado chamaria de mão obra especializada.

Dado esse exemplo fica fácil entender qual seria o papel do Deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) nessa comissão. Primeiramente é preciso entender qual o papel desta comissão, para isso, basta entrar no site da câmara e pronto, está lá “Suas atribuições constitucionais e regimentais são receber, avaliar e investigar denúncias de violações de direitos humanos; discutir e votar propostas legislativas relativas à sua área temática; fiscalizar e acompanhar a execução de programas governamentais do setor; colaborar com entidades não-governamentais; realizar pesquisas e estudos relativos à situação dos direitos humanos no Brasil e no mundo, inclusive para efeito de divulgação pública e fornecimento de subsídios para as demais Comissões da Casa; além de cuidar dos assuntos referentes às minorias étnicas e sociais, especialmente aos índios e às comunidades indígenas, a preservação e proteção das culturas populares e étnicas do País.

Este trecho é parte do texto que está disponível no site da Câmara. Dadas as atribuições, me pergunto – qual o contato que o Deputado Jair Bolsonaro tem com algum desses temas? Absolutamente nenhum. É visível que esta comissão apresenta cunho ideológico definido e que isso é contrário a qualquer posicionamento do Deputado referido. E, em minha opinião, isso não é errado. Seria do mesmo descabimento colocar a Maria do Rosário para presidir a Frente Parlamentar da Segurança Pública por exemplo.

Nesse caso sua candidatura teria um único objetivo: atravancar as atribuições as quais se propõe a comissão, por mais simples que seja a resposta para o título, sua presidência traria um retrocesso grave a tais questões. Para tal presidência é necessário alguém que consiga dialogar com a sociedade civil, que consiga monitor de forma mais rígida a questão dos direitos humanos no Brasil. Que trabalhe para melhor a situação do país diante da Comissão Interamericana de Direito Humanos da OEA.
O oposto seria ridículo. Jair Bolsonaro tem convicções particulares e posicionamentos controversos para tal função. Não é possível que uma comissão ao seu mando trabalhe em prol da pena de morte, da diminuição da maioridade penal e da alteração do estatuto do desarmamento. Seria uma balela fazer textos inconstitucionais que desviariam totalmente o foco desta comissão.


O papel deste Deputado é fazer oposição ao atual governo, pressioná-lo. Está ai sua maior qualidade. Demonstrar uma voz ativa e um posicionamento radical. Por mais que, particularmente, eu seja contrário a boa parte de seus posicionamentos (não todos) é fundamental que haja opositores deste calibre. Agora esperar sensibilidade e flexibilidade de um militar da reserva que foi doutrinado a vida inteira para agir conforme as convicções conservadoras da direta seria ou ignorância por parte dos “representantes do povo” ou uma estratégia de desestruturar a Comissão, está última leva o meu voto. Nesta quarta está previsto para que saia o nome indicado pelos Deputados. É esperar e rezar!

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